A trágica morte de Eduardo Campos transformou Marina Silva, agora candidata a presidência, em um verdadeiro fenômeno político. As pesquisas do Datafolha veiculadas em 30/08, apontam empate técnico entre Marina e Dilma no primeiro turno e dão apenas 15% dos votos a Aécio Neves. Eu, sendo Dilma e Aécio, estaria preocupadíssima. Aécio porque pode fazer história, negativamente falando. O PSDB vai pelo menos ao segundo turno desde 2002. O auge do fenômeno Marina Silva é, paralelamente, a decadência da campanha presidencial do psdbista, cujas intenções de voto continuam em queda livre. Num eventual segundo turno, Marina contaria com os votos dos eleitores de Aécio Neves, de modo que as pesquisas apontam 10 pontos de vantagem dela sobre a atual presidente. Nem Lula, em meio a todos os escândalos de corrupção, se viu em uma situação tão complicada. Talvez por falta de um nome forte na oposição. José Serra alguma vez foi adversário digno de Lula? É muito interessante, dessa forma, observar que o maior obstáculo do PT nesse momento mais uma vez não vem do partido tucano, e sim de Marina Silva, uma "cria" do próprio partido e a mais nova queridinha do país.
É necessário, no entanto, analisar um pouco mais de perto a suposta nova política que Marina afirma ser. Qual dos seus novos eleitores sabem suas propostas para melhorar a educação? A saúde? A segurança? Um dos meus professores questionou uma colega sobre em quem ela iria votar. Quando ela respondeu Marina Silva, ele logo lhe perguntou o porque. Ela não sabia. A resposta foi de que "ela é muito humilde e gente boa".
Ela não sabia porque Marina é a rainha dos discursos vazios. Cheguei a rir da entrevista dela ao Jornal Nacional, mas, ao contrário do que aconteceu com a de Dilma, não li críticas a ela pela evasividade das respostas. Certa vez, li uma opinião de Ciro Gomes que sempre ressoa na minha mente quando ouço o discurso cheio de frases de efeito que Marina Silva passou a falar. "Tenho pavor de ver a superficialidade irresponsável com que Marina trata todos os assuntos políticos do Brasil". Não poderia concordar mais. Alguém por acaso sabe que somente para cumprir suas propostas de mobilidade urbana a candidata gastaria mais do que é investido em saúde ou educação no país? Não. Mas desde quando as promessas dela precisam ter coerência? Marina não precisa apresentar propostas coerentes porque é a imagem perfeita pra qualquer diretor de marketing vender. Se Dilma agrada somente aos mais humildes e se Aécio só é querido pelas elites, Marina consegue a proeza de agradar gregos e troianos. Para agradar aos mais pobres já é suficiente que ela tenha essa cor mestiça, esse biótipo de sofredora, batalhadora, analfabeta até os 16 anos, perseguida em seu próprio estado por lutar pela causa na qual acredita. É uma bela história de vida, de fato. Mas será que isso deveria ser suficiente para alcançar os votos dos brasileiros? À elite, agrada artistas e intelectuais. É historiadora, psicopedagoga, professora. E pra agradar mais, já lançou um programa de governo similar ao dos tucanos, propondo diminuir gastos do Estado, cortar ministérios e reduzir a ação dos bancos estatais, colocando o poder nas mãos dos bancos privados.
Ela não sabia porque Marina é a rainha dos discursos vazios. Cheguei a rir da entrevista dela ao Jornal Nacional, mas, ao contrário do que aconteceu com a de Dilma, não li críticas a ela pela evasividade das respostas. Certa vez, li uma opinião de Ciro Gomes que sempre ressoa na minha mente quando ouço o discurso cheio de frases de efeito que Marina Silva passou a falar. "Tenho pavor de ver a superficialidade irresponsável com que Marina trata todos os assuntos políticos do Brasil". Não poderia concordar mais. Alguém por acaso sabe que somente para cumprir suas propostas de mobilidade urbana a candidata gastaria mais do que é investido em saúde ou educação no país? Não. Mas desde quando as promessas dela precisam ter coerência? Marina não precisa apresentar propostas coerentes porque é a imagem perfeita pra qualquer diretor de marketing vender. Se Dilma agrada somente aos mais humildes e se Aécio só é querido pelas elites, Marina consegue a proeza de agradar gregos e troianos. Para agradar aos mais pobres já é suficiente que ela tenha essa cor mestiça, esse biótipo de sofredora, batalhadora, analfabeta até os 16 anos, perseguida em seu próprio estado por lutar pela causa na qual acredita. É uma bela história de vida, de fato. Mas será que isso deveria ser suficiente para alcançar os votos dos brasileiros? À elite, agrada artistas e intelectuais. É historiadora, psicopedagoga, professora. E pra agradar mais, já lançou um programa de governo similar ao dos tucanos, propondo diminuir gastos do Estado, cortar ministérios e reduzir a ação dos bancos estatais, colocando o poder nas mãos dos bancos privados.
Há quem compare Marina com Lula, mas os dois são extremamente diferentes. Para aqueles que verdadeiramente conhecem a história brasileira, é impossível não se lembrar de Jânio Quadrosou de Fernando Collor de Melo. Marina é a Caçadora de Marajás. Marina é também a mulher da vassoura.
As similaridades não param por aí. Marina é a "nova política" em oposição a uma velha para formar um "novo Brasil". Collor e Jânio também eram. Os três usaram e abusaram da simpatia para conquistar a aceitação do povo brasileiro. O alagoano e a acriana foram patrocinados pela elite brasileira - no caso de Marina, um dos nomes é a socióloga Maria Alice Setúbal, herdeira do banco Itaú - e pela nojenta mídia brasileira, que sustentou a eleição de Collor nas costas e já começa a dar sinais de que aguentará o peso da de Marina também.
Eu também tenho pavor da superficialidade, Ciro Gomes. E se Regina Duarte pode dizer do que tem medo, eu também posso. Tenho medo que, por pressão, Marina não aguente o cargo presidencial e o abandone, como fez com o Ministério do Meio Ambiente e como o fez Jânio Quadros em mais uma das coincidências entre os dois, em 1961. Tenho medo que a história se repita, e que assim como a nova política proposta por Jânio e Collor deu errado, essa de Marina dê também. Que tipo de "nova política" é essa, que já começou sendo transportada em jatinho irregular? Marina Silva pode ser fenômeno sim, mas é inegável a incoerência e o discurso inconsistente que a cerca ao mesmo tempo. Evangélica, assumiu o compromisso de legalizar o casamento gay e a adoção de crianças por casais homossexuais. Voltou atrás. Agora, já não apoiará a causa. Não é também contraditório que a ex-ministra do Meio Ambiente, que citava em projeto de lei até verso bíblico na luta contra os transgênicos, tenha afirmado que sua oposição a estes era uma lenda? Mais contraditório ainda é Marina dizer que vai seguir a política econômica de FHC e a política social de Lula. Água e óleo se misturam, caro leitor? Marina promete não se envolver em alianças com os congressistas. Me pergunto como ela aprovará qualquer uma das promessas mirabolantes que tem feito. É preciso que a população brasileira não fuja da verdade. É preciso perceber que o discurso de Marina Silva, quando submetido ao calor de uma análise, é mais inconsistente que manteiga e derrete bem mais rápido que esta embaixo do Sol.